Algumas coisas me encantam nesse mundo da fotografia, dentre elas retratos de idosos e toda a história que tem por detrás delas. Sempre que
vou à Esperantina reflito a respeito da fragilidade humana e é sobre isso que
vou tentar falar...
Na verdade queria contar um pouco da história domeu avô paterno, ainda
começamos a escrever algumas coisas, mas muitas outras ficaram pendentes, então
vou descrever também um pouco das lembranças que tenho do meu avô no meu tempo de criança.
Sempre passei minhas férias em Esperantina, mas pouco convivi com a família
do meu pai nessa época, aliás acho que esse é um dos meus arrependimentos...
queria ter sentado um pouquinho pra conversar com minha vó, tomar um café feito
no fogão à lenha e sentir toda a simplicidade que rondava aquele lugar. Enfim,
não o fiz.
Sempre fui mais apegada à família de minha mãe e pouco ficava na
casa dos meus avós paternos.
A lembrança que tenho do meu
avô, desse tempo de pirralha, é de um
homem doce. Sempre vi docilidade ali. Meu
avó é pai de 10 filhos com minha avó Binga, e era alfaiate.
Adorava jogar um dominozinho ou baralho com os amigos
e essa lembrança é bem viva na minha cabeça, acho que são as únicas que tenho
dele quando não estava preso na sua cabecinha já esquecida de tudo e de todos.
Se chegasse na casa dos meus avós paternos pela manhã, lá estava ele
no quartinho da frente costurando e minha vó na cozinha rodeada de gatos.
Se chegasse a tardinha, lá estava ele com os amigos jogando dominó,
essa lembrança é muito viva na minha mente e quando vejo hoje meu avô sem
lembrar nem dos filhos meu coração fica partido, e me convenço de quanta fragilidade há na nossa
vida! Como as coisas podem mudar e nos tornar pessoas sem lembranças, sem
memoria, entregues à paciência, bondade e cuidado de quem um dia cuidamos.
Hoje quem faz tudo pelo meu avô é minha prima Carol. E uma frase que
sempre me vêm à cabeça quando lá estou é uma que já li em algum lugar onde não
me recordo: ‘Um pai cuida de 10 filhos, mas 10 filhos não cuidam de um pai...’